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DA FRANÇA AO JAPÃO

para corregirmos os nossos primeiros juizos, com o unico fim do restabelecermos a verdade, muitas vezes adulterada peia imaginação ardente e enthusiastica de alguns viajantes, ou pela exageração de outros, que julgão assim, tornar mais interessante a descripção viciada de suas viagens.

Emquanto não podemos visitar Alexandria ouçamos o que nos relata um nosso companheiro de viagem, perfeito gentleman, ainda que algum tanto severo nas suas apreciações extra-britannicas.

Viajando para empregar o seo tempo, como elle nos declarou, e para não se deixar vencer pelo spleen nacional, o nosso amigo viaja só, apenas fazendo-se accompanhar de um boule-dogg, de uma pequena mala, e com suas cartas de credito. É o typo do inglez amavel e pouco se occupando dos accidentes que tornão uma viagem difficil e custosa.

Com o seo dinheiro tudo vence, com o seo cão conversa, e com seus olhos tudo observa, sómente para si; e, se tivemos a felicidade de colher de suas interessantes informações, alguma utilidade para nossos projectos, devemos a um serviço que lhe prestamos, quando suspenso sobre as vagas, apenas sustendo-se com as mãos na extremidade de um cabo, em consequencia de se ter quebrado a escada de bordo, fomos a seo auxilio, ajudando o a sahir de uma situação bastante incommoda.

Desde então o nosso companheiro tornou-se amigo e com prazer acceitamos a sua amavel sociedade.

Segundo elle, o viajante no Egypto não póde dispensar o cicerone e ainda que estes parasitas ali existão em grande numero, é difficil encontrar quem preencha conscienciosamente os deveres de sua profissão. Em geral elles occupão-se em mostrar as insignificancias vulgares, quando são seos serviços retribuidos diariamente; preferem tratar por empreitada, isto é: por uma convencionada somma servem do guia aos viajantes nas visitas ás principaes curiosidades do Egypto; então, póde-se contar com a sua actividade, intelligencia e mesmo honesti-