muito menos dolorosa do que outrora...
- Na Idade Média, não, doutor?
Mas um nó subitâneo estrangula-me a frase. O funcionário voltara, dava informações baixo ao diretor. O médico pôs-se de pé e diante de mim.
- Está cá. Entrou anteontem. Está vivo. O médico da enfermaria diz que há esperanças.
- Quero vê-lo, doutor.
Houve uma pausa grave.
- É vacinado?
- Sou.
- Já viu um varioloso?
- Não.
- Gosta desse rapaz?
- É meu amigo.
O diretor pensou. Depois:
- E melhor não vê-lo. Aceite o meu conselho. A ele nada falta. O senhor parece tão comovido. Tenha esperança, vá descansar. As emoções fazem mal neste período...
- Quero vê-lo, doutor, quero. É um grande obséquio que lhe fico a dever.
O diretor ainda hesitou um instante, mas diante da minha resolução que se fazia súplica, fez um gesto e eu acompanhei o funcionário, passei a secretaria, entrei no jardim, comecei a subir para o morro onde entre as árvores erguiam-se os grandes pavilhões, com as redes das janelas pintadas de vermelho. Era ali, naqueles enormes galpões, com janelas forradas de tela rubra que a varíola punha putrefações