— Eu é que devo dizer que jantará à nossa mesa. Ah! nós não passamos à vela de libra, como os patriotas da cidade. Mas, enfim, come-se. Vai-ver. Não imagina o prazer que nos dá a sua companhia. Está entendido então? Bem. Até o almoço. Guardião, uma roupa ao Sr. Godard.
Era de tal modo grave a atitude do comandante que nenhum de nós se atreveu a interroga-lo. Também a explicação veio minutos depois, terminante e terrível.
O tenente João chamou-nos de parte e em voz seca deu a ordem de cima.
O Sr. comandante proíbe que se converse ou se responda ao preso. O Sr. comandante considera uma deslealdade à causa e à sua pessoa dizer uma palavra ao Sr. Godard, até segunda ordem.
Era o suplício do silêncio! Era o castigo! Alguns acharam fraco -eram os ingênuos.
Outros sorriram, imaginando as resultantes daquele sport, a perseguição do silêncio ao pobre sujeito. Como tomaria ele a vingança?
À hora do almoço, Godard apareceu, seguido de um marinheiro. Pediu licença, sentou-se. Ninguém olhava para ele. Ao primeiro prato atirou-se com uma fome indizível, verificando se lhe prestávamos atenção. Afinal, não se conteve:
— Sr. comandante, não sei como agradecer...
O comandante continuou a falar com o tenente João. Godard quis insistir, atrapalhou-se, voltou para o vizinho da direita: