Página:Dentro da noite.djvu/69

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Nem prestamos atenção ao marinheiro. Corremos ao encalço do bandido.

Não fosse ele atirar-se ao mar! E foi uma caçada infernal a bordo. Era preciso apanha-lo vivo, vivozinho, inteiro, para sujeita-lo ao regime desesperador, de novo, eternamente. Godard, brandindo o sabre, encostara-se a um canto do salão de jantar.

— É preciso acabar! É preciso acabar! Canalhas! Vocês vão falar-me!

Só uma vez! Digam: Arsênio, entregue-se, e eu me entrego. Só uma vez, ou então eu escapo, eu escapo, estou salvo... Assassinos! Vamos a ver quem é mais forte! Quem se aproximar morre ou mata-me! A vitória é minha! Escapo!

Todos nós, mordendo os lábios para não deixar escapar uma praga, uma invectiva, paramos, com o desejo desvairado de mata-lo. E foi um instante apenas. A tropa precipitou-se para o sabre. Godard manejou-o, mas sentiu-se preso pelas pernas e emborcou, enquanto cem braços estendiam-se, arrancavam-lhe a arma, esmurravam-no, surda, silenciosamente.

O desgraçado teve um grito.

— Outra vez! Para toda a vida! Oh! não! não! não!

Com o pasmo de todos nós, como se aquele muro de silêncio fosse pior do que a própria morte, desvairadamente, atirou-se ao sabre de outro marinheiro, arrancou-o, reviravolteou-o no ar e, no círculo