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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/119

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duma mulher da epoca


 

mos obter a felicidade. Como temos vivido até hoje, isto é, descontentes ora um ora outro, é que não podemos continuar. Tu tens procedido até agora vergonhosamente, vexando-me quasi todos os oito dias. Eu, ao menos, nunca te ofendi e, pelo contrario, muitas vezes tenho dado ensejo a que te sintas lisongeada.

A MATERIA:

Apezar de todas as bonitas coisas que tens proferido, eu mentiria se te não dissesse que me acho bem no pecado, se te não afirmasse que o pecado me parece muito humano, muito natural. Não vejo por que razões devas envergonhar-te de coisas que me não envergonham a mim. Da minha parte, confesso-te que ás vezes me sinto receosa quando te vejo a caminho duma mentira escusada ou duma hipocrisia inutil; fico doida de alegria quando consegues evitar essas pequeninas baixesas e quando sucede não poderes furtar-te à tentação do delicto, oh!— então cabe-me a vez de me envergonhar!

O ESPIRITO, tartamudeando:

Mas... não vejo necessidade de recriminações desse genero. Defeitos, temo-los ambos e eu não me suponho impecavel ao censurar os teus erros. (firme) Alem disso, os delictos da matéria são geralmente

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