EU — Já percebi, mas isso é muito dificil de encontrar... Já arranjaste?
MILÚ — Não foi bem isso que arranjei, mas, em todo o caso, estou contente. Foi em casa do tio Eduardo. E' um amigo dêle. Mas olha que podia ser meu pai!
EU — E' velho?!
MILÚ — Não, velho não é; é... assim, assim. Mas, já vês, comparado comigo....
EU — E' bonito?
MILÚ — Qual bonito! Para que havia de ser bonito, não me dirás?! E' até muito feio, mas engraçado e simpático a valer. Tem o cabelo grisalho, ondeado e puxado para traz e nunca deixa as polainas. Tem até melhor figura de que o José.
EU — E o que te diz êle?
MILÚ — Ora! Diz que eu sou um amor, uma bonequinha e mais coisas... Quando vamos a casa do tio Eduardo, vai sempre para o pé de mim conversar e, como o José nunca lá vai, delicio-me ouvindo-lhe dizer coisas bonitas.
EU — Então, deves estar satisfeita! De que conselho é que precísas? Não entendo!
MILÚ (indecisa) — E' que êle... escreveu-me (olhando para todos os lados, receosa) escreveu-me, ontem. Cá em casa não sabem, é claro; julgam que
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