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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/147

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duma mulher da epoca


 

nuando a lêr) «Vamos arranjar um lindo canteiro para cultivar essa planta tão rara? Depende só de si! Mas precisamos fazer uma cultura inteligente, de maneira que toda a planta daninha de sensaboria, que costuma nascer nesta especie de culturas, seque e se queime logo ao desabrochar. Quere experimentar? E' boa jardineira? Diga-mo, sim? Para a nossa cultura aí vai o primeiro beijo...» (interrompendo-me) O quê?! Ele escreve isto?!

MILU (a rir) — Isso é brincadeira! Que te parece?

EU — Parece-me que não se pode ser mais galantemente atrevido... Vamos ao final. (Continuando) «Plante-o onde mais gostar...»

MILU (a rir) — Póde ser na extremidade das minhas unhas rosadas... artificialmente!

EU (continuando) — «Escreva-me para o Hotel Borges...» (dobrando a carta) O resto já não interessa.

MILU (ansiosa) — Então? que hei-de eu responder?

EU (pensativa) — Não sei! (ficamos a olhar uma para a outra, silenciosas, como duas bonecas de Saxe) Olha, Milu, eu, no teu logar, escrevia uma carta a desculpar-me, dizendo que havia certas razões que me não permitiam cultivar a tal amitié amoureuse, que era ainda muito nova, que tinha noivo, etc., mas que não deixava de o estimar como a um bom amigo...

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