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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/151

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duma mulher da epoca


 

te, cá estou esperando as tuas revelações... Apesar da incredulidade dos homens no que respeita á discreção da mulher, não resta duvida, de que qualquer de nós tem sabido ser para a outra uma verdadeira caixinha de segredos impenetravel para os estranhos, uma espécie de cofre de ferro, forrado com o mais macio dos veludos. O ferro para os outros, o veludo para nós.

Margarida aprovava, meneando a cabeça. De repente, desatou a rir.

— E olha que não teem sido banaes muitas das confidencias que eu te tenho feito — respondeu ―. Só a ti as faria, porque és a unica das minhas amigas que pode compreender-me.

— A nossa antiga convivencia tem grande parte nesta mutua confiança. Ora espera: ha quanto tempo nos conhecemos nós?

— De cabeça não posso fazer a conta, minha querida. Nem sei mesmo se conseguiria fazel-a com lápis e papel... Conheces a minha inteira incapacidade para a aritmetica, incapacidade que, afinal, nunca até hoje me prejudicou. Não sei, francamente, com que fundamento Sydney Smith afirmou, numa carta celebre a Miss Lucy Austin, que a vida sem a aritmetica seria uma coisa horrorosa...

— Horrorosa de prosaísmo foi essa a afirmativa

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