durou em ti êsse sentimento cuja morte deploras e que me aniquilava, imperando despóticamente no sêr encantador de que fazemos parte... Estou radiante!
— E estou inconsolável. Lembrar-me de que tanto vibrei, de que tão intensamente vivi, de que fui sus- ceptivel das maiores dedicações, dos mais estranhos sacrificios, dos mais loucos impulsos, e encontrar-me agora vasío, árido, espreitado de perto pela dúvida e arrefecido pela ingratidão, não será doloroso, indi- sivelmente doloroso?"!
— Não sei...
— E, é desoladôr. Tu disséste-me, há pouco, que sofri durante o tempo que viveu o grande afecto que nêste momento chóro; sofri, sim, mas quem me déra outra vez êsse sofrimento! Porque é muito melhor sofrer por amôr do que sofrer pela ausência de afeições. Antes mil vezes as perturbações duma paixão do que a impressão desconsoladora do vácuo, da aridez... Que pêna, que pêna imensa a de não poder dar nova vida a um afecto morto, fossem quais fôssem as consequências dessa ressurreição!
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