Minha querida Almira: ― Li conscienciosamente a carta em que te queixas de Vasco, o qual, depois de jeremiar longo tempo sobre a garridice e a inconstancia das mulheres, acabou por proibir os teus inocentes flirts com X. ou Y., personagens insignificantes que tu só utilisas quando êle está ausente e para passar o tempo.
Mas dize-me, querida caprichosa: se Vasco é um homem, como queres tu que êle não seja um egoísta?
O egoísmo é tão completamente inseparável do caracter masculino como o pó de arrôs o é das nossas faces de citadinas decadentes... E assim, ou tu renunciarás, na vida, aos encantamentos — e desencantamentos — do Amôr, o que não é provavel, visto seres, incorrigivelmente, uma acrobata audaciosa da Emoção, ou forçoso será que te habitues ao despotismo amoroso de Vasco ou doutro como êle, despotismo a que terás o talento de não obedecer, dando-lhe, no entanto, a ilusão de que obedeces...
Vais dizer-me que há homens que não são egoís-
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