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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/191

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duma mulher da epoca


 

qual deve ter sido mais afortunado do que comigo. Mas, mesmo assim, me relanceava de vez em quando um rapido olhar.

E' curiosissima a predilecção que alguns rapazes de vinte anos têm pelas mulheres de mais de trinta. O que os atrairá em nós? Uma experiencia já formada sobre a vida ou uma capacidade de compreender e sentir as paixões maior do que a das raparigas muito novas, capacidade de que nós, sem duvida, dispômos depois dos trinta anos?

Empenhámo-nos, pois, eu e o Miguel, numa conversação sobre literatura, assunto obrigatorio sempre que se fala, com pouca intimidade, com um homem de letras. Não suponhas que se trata dum Antino jovem, belo, são e perfeito; o meu poeta já não é muito novo, não se póde chamar elegante, é sofrivelmente feio, um tanto dispeptico e fuma endemoninhadamente, o que lhe agrava a inseparavel bronquite que o atormenta. Nada disto me assustou, contudo, nem alienou uma só parcela da simpatia que eu sentira por ele antes mesmo de o ter conhecido pessoalmente. E' facto provado que, para as mulheres do meu genero, os homens de talento nunca são velhos ou feios, nem têm, tambem, estado civil determinado. Longe de ser um céptico, é um sentimental de espirito amoravel e de caracter muito diferen-