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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/207

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duma mulher da epoca


 

nho que não lhe passará pela cabeça a idéa de reatar...

— Porque não?

— Você está mais doente do que eu pensava, Filipe! O cerebro turvou-se-lhe. Então não sabe que amôr uma vez deixado é amôr envenenado? Eu não poderia voltar a sêr para si o que já fui. Teriamos ambos a sensação de tomar um licôr dessorado, um licôr que houvesse perdido tudo: a força, a côr, o perfume... Não, Filipe, não! Além do quê, você é casado; deve-se a sua mulher.

— Mas oiça, Camila...

— E' assim, acredite, é assim! Demais, visto que você apareceu, julgo ter o dever de avisá-lo de uma coisa...

— De quê?

— Disto, que eu penso poder ser grave para si: há, entre os meus amigos, alguem que está apaixonado por sua mulher.

— ?!

— E' verdade. Um homem novo, interessante de fisico e de espirito, que pensa nela há muito tempo já.

— Quem é ?

— Não posso, evidentemente, dizer-lhe o nome. Compreende, decerto, que dêvo ser discreta. O que

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