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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/41

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duma mulher da epoca


mente, não mo permitiu. — «Bizancio !» — murmurou ao meu lado, uma voz cava, que me arripiou. Não vi pessoa alguma, mas senti que me despenhava do alto do edificio e julguei chegado o meu ultimo momento. De repente, encontrei-me em casa, na saleta e ouvi Vasco dizer-me com voz agastada: «Não sei que significam todas essas fantasias; não vales mais do que as outras !»

Acordei; a claridade do dia entrava no quarto pela fenda da janela. Ao atentar na exquisitice do sonho, desatei a rir. O Vasco, que tambem havia despertado, deitou-me um olhar surprezo e eu, recordando-me da questão da vespera, retomei a minha expressão amuada e voltei-me para o lado oposto.

Ele não disse palavra e tratou de se levantar, cantarolando Vous avez perdu ça dans un taxi que, segundo suponho, ouviu no Folies Bergers. Tive vontade de lhe atirar qualquer coisa, irritadissima. com aquele desprendimento, mas consegui conter-me. Saíu, muito alegre.

Não lhe posso perdoar aquela feliz disposição.

3 de Março

Estou radiante. Vasco foi ontem procurar-me, á saleta, insistindo para que fossemos ver o filme que deu

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