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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/42

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Diana de Liz: Memorias


origem á nossa questão de ante-ontem. Resolvi-me por fim. Vi e gostei.

Vasco esteve cativante para comigo. Sinto-me bem, almocei hoje com muito apetite. Nenhuma outra impressão há, esta tarde, no meu espirito.

4 de Março

Estou indignada! Minha mãi veio hoje visitar-me e esteve-me contando o que a Adelaide, costureira, observou na noite de sabado. Seriam nove e meia quando ela subia a rua de Santa Marta e viu meu matido bater á porta duma casa baixa. Parou, disfarçando, para ver do que se tratava; dalí a alguns minutos saíu dessa casa uma rapariga vistosa e garrida, que travou do braço de Vasco, desaparecendo os dois a uma esquina.

Aqui está em que consistia a conferencia com amigos, sobre assuntos de importancia, que o não deixou ir comigo ao cinema, nessa mesma noite! Não será isto revoltante?!

A Adelaide diz que a rapariga é uma corista muito leviana que foi sua vizinha; eu não quero saber ao certo de quem se trata, nem é preciso, porque depois duma explosão de desespero, resolvi não falar em tal assunto a Vasco. Não me rebaixarei a mostrar ciumes por uma corista, talvez analfabeta, por quem ele

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