Calou-se, soprou o fumo do seu «Abdulla» e traçou a perna. Momentos depois, disse:
— Mesmo que assim fôsse, este nosso romancinho acordaria em ti o desejo permanente de sensações novas. Vais fazer vinte e nove anos, segundo me disseste; estás numa idade sempre perigosa numa mulher com as tuas caracteristicas...
— Obrigada pelo aviso — repliquei, irónica.
— Ouve: se eu viesse a prender-me a ti, devéras, que fazias?
— Apaixonava-me tambem.
— Por mim?
— Sim. Não seria dificil.
Gilberto atirou fóra o cigarro e encarou-me.
— Falas sério?
— Falo.
— Fausta, nunca te apaixones por mim!... Eu fugia-te no dia em que me certificasse disso... Não tornavas a vêr-me...
Abracei-o, numa onda de ternura.
— E's um barbaro !
— Não sou um barbaro, sou um homem razoavel. E fica sabendo que gosto de ti. Gosto, é o termo. Sinto-me feliz quando estamos juntos, acho-te deliciosa como companheira dalgumas horas, pelo teu espirito, pelas tuas qualidades de mulher; mas se al-
— 59 —