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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/8

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tino, para que se torne compreensivel a angustia dessa trágica manhã.

Erguia-se, então, ao meu lado, carinhosa e fraternal sombra feminina Nem ela, nem eu acreditávamos que a Inimiga me poupasse por muito tempo. Murmurei os dois motivos que me an- gustiavam em frente da morte e a amiga dedicada protestou contra a ameaça que sobre mim pairava.

Mas eram tão orfans de convicção as suas palavras, que, mais do que conforto, me pareceram uma sentença inexoravel.

Então, no momento patetico e de funda emoção dramatica, surgiu a tua imagem, recortada em certa tarde de Paris, quando entrámos no Père Lachaise, em busca do tumulo de Chopin, cujas composições tu adoravas e, em algumas noites, enchiam de melo- dias o nosso ninho de amôr, para sempre desfeito.

Pedi á amiga dedicada que me recitasse versos de Musset, cujo tumulotambem haviamos visitado nessa tarde do Père Lachaise.

— Aqueles que começam por Mes chers amis... Conhece-os?

Não era a sua voz que eu queria ouvir; era a tua, que eu desejava ter a ilusão de escutar mais uma vez. Ela principiou a recitar. E ouvindo-a, eu — 6 —