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Página:Diana de Liz - Memorias duma mulher da epoca.pdf/85

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duma mulher da epoca


nova, bonita e livre. Sei que se murmura de mim... Como satisfazer toda essa gente? Como tapar a boca maldizente à humanidade? Oh, o problema da minha vida!

E para que me divorciei, afinal? Tenho sido, desde então, mais feliz? Não... Valem acaso mais do que o meu ex-marido os homens que tenho conhecido depois dele? Não valem... Mas eu nada sabia da vida... E julgava o mundo infinitamente melhor...

Gilberto prende-me. Tudo nele me agrada, além do seu espírito agudo, por vezes tão injusto e cruel: até as rugas precoces que lhe descem do angulo exterior dos olhos, sulcando-lhe a pele clara e fina como a duma mulher, até a testa espaçosa, que uma prematura calvicie principiou já a desadornar... Mas a nuvem que as nossas consciencias alarmadas criaram e avolumaram, continua oscilando entre nós dois...

Sexta-feira, 11.

Acordei alegre, hoje. Afinal, a liberdade é uma bela coisa e eu sou uma mulher livre. Preparei-me para saír pelas três horas; introduzi-me num vestido de veludo, estreito como uma bainha, coloquei nesta po-

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