O diálogo do Dr. Chaves fora interrompido pela aproximação do Álvares, que vinha buscar Emília para a prometida quadrilha. O deputado teve de ceder o lugar.
Depois de um curto silêncio, durante o qual o jovem poeta esteve sob a influência do olhar soberano de Emília, ele animou-se a falar-lhe em voz submissa:
— D. Emília... A senhora leu os meus versos?
— Li — disse ela. — São muito bonitos, mas não são verdadeiros.
— Tem razão! Não dizem nem a sombra do que sinto! Mas sou eu o culpado? O verbo divino do meu amor, não há na linguagem dos homens palavra que o exprima!
— Não por certo! Não é possível exprimir o que não se compreende.
— Oh! D. Emília!
— Oh! Os poetas! Eu os conheço! O que eles amam neste mundo é unicamente sua própria imaginação, o ideal sonhado: todos têm sua Galatéia, e nós não somos para eles senão estátuas, que os seus versos devem animar, como centelhas do fogo sagrado!
— Se a senhora tivesse lido a poesia que eu ontem escrevi, não pensaria assim, D. Emília!
— Dê-me! Quero vê-la!
— Não a trouxe!
— Procure bem! disse Emília sorrindo.
O Álvares tirou com efeito do bolso um pequeno papel dobrado; mas com a faceirice dos