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Página:Diva - perfil de mulher.djvu/122

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— D. Emília — disse-lhe eu — receio ofendê-la... Talvez o melhor fosse calar-me.

— O que mais me pode ofender de sua parte é o silêncio, quando o senhor tem um ressentimento de mim. Fale, não tenha receio. Bem vê que eu estou tranqüila.

— Pois então ouça-me e desculpe. Sem dúvida a senhora julgará pouco nobre meu procedimento, surpreendendo um segredo alheio; mas lembre-se de que eu a amava!... E a amava tanto, que tive a coragem de aviltar-me ao meu amor. Sinto este orgulho!

Pela primeira vez Emília pareceu surpresa:

— Não compreendo! Que fez o senhor?

Mostrei-lhe os versos e contei-lhe tudo quanto soubera na véspera, durante o baile; tímido e balbuciante em princípio, ia-me reanimando à medida que a evocação daquelas cruéis recordações magoava minha alma ulcerada; o desespero prorrompeu afinal.

Emília me ouvira impassível.

— Bem vê que eu sei tudo, D. Emília!

Ela não me respondeu.

— Ouviria eu mal? Não compreenderia as suas palavras?

— Ora! O senhor é tão perspicaz!

— Assim não me iludi? Esses homens a amam, e a senhora lhes corresponde?

— O senhor o diz!

— Meu Deus! Mas a senhora não sabe que nome tem isso?...

Emília ergueu-se de um ímpeto. Seus olhos tinham