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Página:Diva - perfil de mulher.djvu/128

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— Julinha está zangada! Vá dançar com ela! dizia-me então.

Enfim, Paulo, essa mulher escarnecia de mim, a fazer pena. Tratava-me como ao cão da Terra Nova que havia em sua chácara, e com o qual a vira tantas vezes brincar. Enxotava-me com a ponta do pé, para ter o prazer de me fazer voltar, lambendo o chão por onde ela passava.

E eu vivia espremendo em minha alma o fel dessas humilhações, a ver se irritava aí a dignidade abatida.


XVI


Tinha caído numa tal prostração de ânimo, que Emília se comiserou de mim.

Uma noite veio sentar-se a meu lado, e seu olhar envolveu-me daquela ternura compassiva e protetora, que dava à sua virgem beleza um perfume de ideal maternidade.

— Como eu o tenho feito sofrer, não é verdade? me disse ela compungida. — Também eu sofro! Que natureza é a minha? Parece que tenho prazer em me contrariar e afligir a mim mesma. Mas não me queira mal, Augusto. Eu lhe prometo ser outra daqui em diante; o que perturbou nossa amizade não sucederá nunca mais.

— Deveras!... Promete repelir os seus adoradores!