— Eu os afastarei tanto de mim, que nem a sombra deles se possa interpor entre nós.
— Obrigado, D. Emília! Obrigado pela senhora, unicamente; não por mim.
— Então isso lhe é indiferente.
— Vem tarde! O mal está feito.
Emília teve um dos seus gestos de rainha.
— Ah! se eu houvesse profanado a minha alma nesses arremedos de amor com que as moças se divertem antes de casar; se eu estivesse em meu quarto ou quinto namoro, quando o senhor me conheceu, talvez me julgasse digna de sua afeição. Mas eu, que procuro preservar minha alma dessa profanação, mostrando-lhe ao vivo o egoísmo, a cupidez e a baixeza que escondem as paixões improvisadas numa noite de baile e calculadas friamente no dia seguinte. Eu, que me guardo para aquele a quem amar, virgem de amor e imaculada... Sim! imaculada até dos olhares que resvalam sem penetrar-me!... Eu, não sou digna de sua estima, Augusto! Para mim, é tarde!
— Perdão, Mila!... Eu sou um insensato! Mas meu amor é uma tão pura adoração, eu a coloquei tão alto na minha veneração, que as palavras apaixonadas desses homens me pareciam denegri-la como o fumo de um torpe incenso... Loucura!... Eu devia saber que elas não chegavam ao seu coração, como não chegam a Deus as blasfêmias do ímpio!...
Emília respondeu-me com um sorriso delicioso, pousando a mão sobre a minha: