Fui vê-la. Estava no jardim com D. Leocádia; brincava com um grande cão da Terra Nova, e parecia sentir um indefinível prazer em irritar a cólera do tranqüilo animal. Uma vez corri, pensando que ela ia ser vítima da sua imprudência; o cão irado rosnava, encolhendo o dorso, e rolando a pupila injetada.
Emília sorriu; a um gesto de sua mão, o animal foi deitar-se a seus pés, acariciando a fímbria do vestido. Ela atirou-lhe um olhar desdenhoso, e tocando-o com a ponta da botina obrigou-o a afastar-se. Depois voltou-se para mim com uma expressão indefinível de orgulho repassado de tédio:
— Não tenha receio... Tudo aqui me obedece, até este bruto!... Por mais que o irrite... Não passa disso!
Anunciei-lhe a resolução que tomara de aproximar-me dela; e o fiz trêmulo e receoso. Respondeu-me com simplicidade:
— Melhor! Estaremos mais perto! Estimo bem.
— Pois eu receava que isso lhe desagradasse!
— Por que motivo?
— Já não tem medo?... perguntei-lhe sorrindo.
— Do senhor?... Não!... De mim... talvez.
Emília tinha dessas frases incompletas, proferidas com uma singeleza volúbil, das quais era impossível compreender o verdadeiro sentido.
Imagina que delícia foram para mim os dois breves meses que passei naquele pitoresco retiro do Rio Comprido, onde eu me abrigava todas