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DOM JOAO VI NO BRAZIL 83

bora nos magos de papeis d Estado e nao so tinha chiste, como sabia e soia fazer cousas engragadas. Nas annotates a sua propria noticia biograpbica sahida a luz n um diccio- nario francez de contemporaneos, refere Antonio de Mene- zes Vasconcellos Drummond que, depois da revolucao per- nambucana de 1817, urdida como e corrente em lojas ma- conicas, entraram as sociedades secretas, ate entao de certo modo toleradas, a ser vigiadas de perto, perseguidas e dis- solvidas, creando-se no Rio, para punigao dos culpados, um juizo da Inconfidencia. Na especie de terror produzido por esse assomo de violencia da parte do governo paternal que estava sendo o brazileiro, muitos magoes denunciaram-se a si mesmos, entre elles o conde de Paraty, camarista e grande valido do Rei, que d elle nunca se separava. O castigo que o monarcha, resentido, Ihe inflingio foi o de entrar para a Ordem Terceira de Sao Francisco da Penitencia e conser- var-se no Pago durante todo o dia do juramento com o ha- bito de irmao. O marquez d Angeja, outro magao confesso, resgatou sua falta entregando toda a prata da sua casa para servir as necessidades do Estado ( I ) .

Quern sabe proceder para com dependentes com tama- nha indulgencia e, sendo soberano, se mostra capaz de tanto espirito nas relacoes com personagens da sua corte, nao e certamente um ente vulgar, e de facto Dom Joao compensava pela agudeza mental, bom senso e facil assimilagao o que Ihe escasseava propriamente em conhecimentos que ninguem se occupara em incutir-lhe. Os estrangeiros sempre Ibe fize- ram justiga. Beckford, o intelligentissimo e mordaz Beck- ford, estampou a seu respeito conceitos lisonjeiros, que se sentem dictados pela sinceridade, e Luccock ate o defende

��(1) Annaes da Bibl. Nac. d-o Rio do Janeiro, vol. XIII.

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