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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/106

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84 DOM JOAO VI NO BRAZIL

da increpac,ao de apathia, dotando-o de muito mals sensibi- lidade e energia de caracter do que Ihe andam geralmente attribuidas pela tradicao vulgar ou pela paixao politica. O Principe Regente, escreve elle, achou-se collocado em circumstancias desconhecidas e singularmente penosas e a ellas se sujeitou com paciencia, agindo, quando se rebellou, com vigor e promptidao." Si se deixou algumas vezes levar por conselheiros timidos ou destituidos de frar-queza, aco- lytos aduladores e hypocritas que sao figuras incvitaveis em redor dos governantes, nao obrou em semelhantes casos por estupidez, perversidade ou cynismo. "Este soberano, diz um commerciante francez, era geralmente querido, tanto era bom e benevolente ( I ) .

Nao conhego despacho algum, ostensivo, reservado ou confidencial, de embaixador, ministro ou encarregado de ne- gocios estrangeiros para seu governo, que se refira com menos respeito ou com menos elogio a Dom Joao VI. E e curioso verificar que nenhum mesmo tenta fazel-o, de leve que seja, ridiculo, quando os Portuguezes d elle quizeram legar um typo burlesco. Nao era apenas a deferencia innata para com a realeza que assim tornava corteza a penna facil- mente satyrica dos diplomatas: era tambem e principalmente a circumstancia de, em justiga, nada encontrarem no soberano de grotesco e sim muito de attrahente e nao pouco que en- carecer. Maler, que Ihe era sinceramente affeicoado, como devia pois que d elle recebeu constantemente provas de atten- gao e benevolencia, nao se furta a exaltal-o. O duque de Lu- xemburgo, cujas razoes para isso nao eram tao fortes, ao passo que censura, n um tempo em que ja se scntia a falta

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