DOM JOAO VI NO BRAZIL 85-
do espirito vigoroso de Linhares, a inercia da corte, a caren- cia de pianos de administragao do governo, a reserva que trahia indecisao do elemento aristocratfco, refere que o Rei era amado do seu povo por accessivel, affavel e bondoso.
Tracos da sua finura abundam na correspondencia inedita de varias legacoes. O duque de Luxemburgo teve a sua audiencia de despedida a 18 de Setembro de 1816 e partiu a 21. Conversando depois d isto e pela primeira vez com o encarregado de negocios Maler acerca da expedigao ao Rio da Prata para occupagao da Banda Oriental - - ex- pedigao sobre a qual se guardou toda reserva, a ponto de manter absolute silencio a proposito a anodina Gazeta do Rio de Janeiro Dom Joao observou com o seu sorriso entre malicioso e bonacheirao: "Os Francezes fallaram e escre- vinharam muito em tempo sobre fronteiras ou limites natu- raes: tratava-se sempre, de um lado, do Rheno e do outro, dos Alpes; ora o que e o Rheno comparado com o Rio da Prata ? Ao que o representante francez respondeu com o espirito da sua nacao que a " belleza e a amplidao d esse grande rio deviam dispensar todo e qualquer commentario e eram por si sufficientemente eloquentes para que pudessem ser passadas sob silencio, sendo assim muito logico concluir que limites alguns existiriam mais naturaes que o citado Rio da Prata, e parecendo alias que os missionaries das margens do Rheno tinham conseguido proselytos em todos os mundos possiveis." Esta ultima reflexao fez o monarcha rir de tout son cceur, diz o officio (i).
A sua sensibilidade nao era de refolhos. Tinha ate a lagrima facil e frequentes sao as occasioes de que ficou me-
��(1) Ofificio de 22 de Setembro de 1816, no Arch, do Min. dos Neg. Estr. de Franga.
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