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DOM JOAO VI NO BRAZIL 9?

intrigas, imrnoralidades e sizanias, tornando-se a institu c.ao em certo sentido typica da nova ordem de cousas. Deixaram quasi de desferir-se nas violas os doces accordes ao ar livre que d antes embalavam o somno dos jacares de mestre W lentim. As reunioes entraram a ser menos consoantes com o clima e tambem menos francas, mais exclusivas, de certo mais affectadas. Eu sei que em sua casa (de um tal Fra- goso) ha assemblers ou partidas nocturnas, mas he cousa sem estrondo, e isto he quasi geral em todas as casas, onde ha algum par de patacas, por nao haverem outros enterte-

nimentos ( I ).

Afora alguns pormenores de luxo pouco discretes, a corte brazileira nunca primou pela pompa. Entao porem, accusava no conjuncto maior desleixo, e de principio chegou mesmo a ser miseravel. Longe da Capella Real, onde os dou- rados e as harmonias Ihe lisonjeavam a vista e o ouvido, Dom Joao devia forgosamente soffrer no seu brio de s-obe- rano com presenciar essa mesquinhez. Os seus coches dos primeiros tempos eram ridicules: podiam antes chamar-e pobres berlindas. A Princeza Real, mais energica e varcnil que o marido, preferia muito sahir a cavallo a ser sacudida pelas ruas mal calgadas e pelas estradas esburacadas n uma sege incommoda. O Principe, a guiarmo-nos por um desenho do natural deixado por Henderson ( 2 ) , ensaiou espaire- cer n um carrinho aberto que elk proprio guiava, de um feitio unico, entre o carro de guerra romano com o anteparo

��(1) Cavta do 1s do Dezcmbro de 181.>, do Luiz .loaquim Santos MamK os a sua familia < iu Lisboa. Marrocos foi empregado ua Chancollarin-nioi- <lo Itcino <>, ao qm 1 parccc. cshn o tam bem ligaido ao S(M-V U;O da livravia. rcgia. A sua corrcsipond^ncia familiar, constaBtft dc 171 carl as, figura entre os manuscri p-tos da Bbliotheca do Real

<la Ajuda om TviM>oa.

( _ ) //f.v/or?/ of Hr<i~il, London, 1821 . O ."iidor foi dopois consul via Colombia.

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