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104 DOM JOAO VI NO BRAZIL

ruins companhias quanto dos maus costumes. Reconhecia-se, e os viaj antes por sua vez facilmente reconheciam os casos d este genero em evidencia, a superior influencia do norte da Europa, mais efficaz sem comparaqao nao so pelo lado ma terial, o do senso do conforto e do genio pratico, como pelo lado espiritual, o do desenvolvimento intellectual e sanea- mento moral. Tinha aquella aversao tambem muito de po- litica, correspondendo a um crescente sentimento de autono- mia, que Spix e Martius ja nao achavam igualmente justi- ficado; nem por isso, porem, repousava menos sobre uma sa discriminac.ao.

E mister comtudo notar que a accao estrangeira pos- suio mais de indirecta que de directa, sendo antes um effeito geral dos tempos, da mudanga das condigoes coloniaes, da propaganda inconsciente do exemplo, do que o resultado do trato intimo dos dous elementos. De facto poderiam os Ingle- zes haver exercido uma influencia mais pronunciada ainda, si nao fosse pela sua sobranceria um tanto humilhante, pelo desdem tao seu de se associarem com estrangeiros, os que consideram sobretudo muito inferiores. Estes de seu lado, resentindo-se do acolhimento glacial, preferem manter-se a distancia. Eram os Francezes reputados mais civis e affaveis: a recente Revolugao com suas tragedias e horrores deter- minava, no emtanto, com relacao a elles, um sentimento a um tempo attrahente e repellente. (i)

Data em todo caso, no Brazil, do reinado de Dom Joao VI a politica liberal para com os estrangeiros, a mais antiga affirma^ao da concepgao de que o homem e cidadao do mundo. Um dos primeiros decretos do Principe Regente

��(1) Tollcnaro, Notes Dominicales.

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