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116 DOM JOAO VI NO BRAZIL

atada por uma tira de couro; outros de jaquetao azul com moedas de prata a guisa de botoes, collete de couro e botas molles; outros ainda de lenco ao pescogo, suspensories so-bre a camisa e a ponta do pe descangando no estribo de chifre.

Viajavam assim leguas e leguas sem fim, atravez de uma regiao despovoada, pois que povoada se nao podia cha- mar uma terra onde eram tao raros, tao disseminados e tao insignificantes os nucleos de populagao. So quando se ap- proximavam do littoral occupado e os olhos dos cavalleiros passavam, de descangar na grama verde, a fitar a clara areia movedica das dunas, e que as caravanas entravam a deparar com maiores agglomeracoes de seres humanos, que as recebiam hospitaleiramente. Envolvia-as entao uma pai- zagem de prados onde pastavam, ao lado de alguns reba- nhos de carneiros, enormes manadas de bois que se subju- gavam a lago com pasmosa destreza; de pomares e hortas com pecegueiros e legumes da Europa, devastados porem pelas formigas e gafanhotos; de campos onde corriam po- tros que se domavam fazendo-os arrastar um couro cru, a um tempo os familiarizando com ruidos estranhos, obrigando a um passo regular e certo e acostumando a precaverem-se contra difficuldades na marcha, no intuito de tornal-os ani- ma es doceis e seguros.

Ate ahi os animaes avistados teriam sido perdizes, veados assustadigos que tambem se caQavam a bola, ongas, cotias, pacas, coelhos e lebres, emas de passo altaneiro e veloz, tamanduas, javalis seguidos das crias, patos e outras aves aquaticas das muitas lagoas, chegando por ultimo aos urubus adejando sobre a fressura do gado morto para fabrico do xarque, em proporgao tal que um unico fazendeiro abateu n um anno 54.000 rezes.

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