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120 DOM JOAO VI NO BRAZIL

nao eram por via de regra indemnizados pelos seus serven- tuarios e feitores. Si desapparecera a abundancia promovida pelo trabalho, conservava-se a terra bonita: montanhosa n alguns pontos, n outros dotada de varzeas ferteis, banha- das por muitos cursos d agua e cobertas de grama virente. A caga pullulava sob a forma de pacas, pombos, veados e- outras numerosas especies, e passaros da mais brilhante plu- magem contrastavam com as habitacoes miseraveis da gente,. como si a natureza se risse do homem.

Resentia-se este trecho de territorio fluminense da- falta de communicacoes com o centro, em que o tinham dei- xado cahir, nao Ihe aproveitando para esse fim o poderoso Parahyba, cuja corrente rspida por entre margens abruptas se dirige para sudoeste e depois para nordeste, recebendo numerosos tributarios. Ainda assim a producgao abrangia. cafe, anil e assucar. Este constituia igualmente o principal producto das varzeas nao menos entremeadas de montanhas que se extendem para oeste da capital na direcgao da serra dos Orgaos. Das menos afastadas vinhao para a cidade o- leitc para consumo dos habitantes e o capim para o gado ; das mais distantes sahiam outrosim cafe, arroz, milho, mandioca,, lenha e carvao de madeira.

Garros de bois ou de mulas, canoas ou tao simples- mente negros carregadores transportavam esses artigos cul- tivados em propriedades de facil rendimento, cujos donos. concentravarn as safras dos moradores semi-nomadas e sobre- tudo dos lavradores mais sedentarios, dividindo-se os lucros conforme o accordo previo. Era geral tornarem-se depressa proprietaries os lavradores, que andavam muito protegidos pela lei, a qual obrigava os senhores a pagarem as bemfei- torias, salvando assim os rendeiros de vexames e espoliaqoes.

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