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DOM JOAO VI NO BiiA/JL 157

christas deve entender-se, porque das pagas nao se poderia fazer calculo.

Era Sao Luiz do Maranhao, com seus numerosos filhos do Reyno e seus nao menos numerosos filhos d Africa, um centre que se havia de breve revelar tenaz e violentamente luzitano na cor politica e nas tendencias imaginativas; mesmo porque o elemento portuguez, preponderante na admi- nistragao, no commercio e em toda a vida activa, facilmente sobrepujava o elemento nacional, reduzido comparativa- mente em numero e mollemente conchegado nas plantagoes sobre o remanso do trabalho escravo. Spix e Martius, que foram os unicos viaj antes estrangeiros a transitar n essa secgao extreme septentrional do paiz, a qual cuidadosamente estudaram como as demais, observaram nao so tal antago- nismo mais pronunciado e mais promissorio de difficuldades, como a feicao refinada e culta da sociedade local, distin- guindo-se em particular o sexo feminine pela sua indepen- dencia mental e educacao esmerada.

Parecia o Para a melhor comprovagao de que o Brazil d aquelles tempos era o negro. Na ausencia de outro traba- Ihador, era elle o esteio de toda riqueza. O Maranhao crescia, com o mesmo clima e recursos quiga nao iguaes aos do Para, pelo grande numero de escravos que importava e que Spix e Martius calculavam em 1818 em 80.000. A ex- tincta Companhia de Commercio favorecera alias muito a agricultura, nao so fornecendo emprestimos aos lavradores, como cedendo a baixo prego os negros trazidos pelo trafico. Ao lado o Para vegetava, com seu solo feracissimo, seus ma- gestosos rios navegaveis, seus variados artigos de producgao natural, suas communicagoes francas com as visinhas terras hespanholas, sem bragos, porem, para valorisar todas essas

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