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188 DOM JOAO VI NO BRAZIL

cordia tinham sido enterradas no anno de 1811 para cima de 300 pessoas naturaes de Lisboa / ( I )

Confessando que preferia vegetar mui pobre em Lisboa a viver no Rio com grandes riquezas, e para mostrar que

��(1) Ca.rta de 27 de Fevereiro de 1812. N este capitulo da mor- talidade e dos maos ares da terra parecia nunca se esgotar a sua bills. A 3 de Abril de 1812, desanimado com sens ataques de ca&epa, escrevia ao pai : " Isto me descosnsola quanto e possivel, pois vejo morrer no dia as duzias ! Tern sido tal o contagio, que em poucas semanas tern morriido mais de mil pessoas ; e S. A. R. retirou-se para a sua chaca-ra tie S. Christovao com tengao de passar para Santa Cruz, mas nao se efifectuou esta, por se sa ber que tamibem alii havia o mesmo conta gio Aqui he o que se ouv<e ; e quando se encontra qualquer pes-

soa, se nao pergunta se tern saucle, mas sim de que se queixa"! " Os gastos da convalescent da " ultima doenga " estavam-no arruinando, queixava-se elle : " Custa-me cada oopinho mui pequeno de jaleia de substancia 1.920 rs. e cada garrafa de vinlio de Champagne 2.500 rs... "

Com a .irma era menos respeitoso o seu desafogo. Escrevia-lhe a 31 de Margo de 1812 : " Dgqui so te posso mandar informaQoes fasti- dio.sas : a terra he a peior do M/undo ; a gente he mdignissima, soberba, vnidosa, libertraa ; os animaes sao feios, veneno,sos, e muitos ; em fim eu crismei a terra, ohamaTiido-lhe terra de sevandijos; porque gente e brutos todos sao serandijas."

Ao darem as vantagens alcangadas na. Peninsula sobre os Fran- cezes visos de probabilidade ao regresso proximo da cOrte, o mau humor do pobre rato de bibliotheca, ainda mettido entre os Manus- criptos da Coroa, com fumagas de bibliographo e sem grandes espe- rancas de romper yictoriosamente a chusma dos pretendentes hostis, aiperreado pclo cajor, pelas saud.-idf.s da vida lisboeta e sobretudo pelas df^cepcoes, expandia-se feroz : "Deus quelra approximar ja esse instante para nossa maior sstisfar,-ao e descanso, que me parece nao terei em minha vida outro maior. Eu estou tao escandalizado do Paiz, que delle Tiada quero, e quando daqui sahir, nao me esquecerei de limpar as botas as bondas do Caes. para nao levar o minimo vestigio desta terra, tao benefiica, que nem aos seus pendoa : e eu com a maior parte dos queixosos Ihe pagaremos com grande usura os bons offeitos de sua con- digao.

Meu Pay, quando se trata das mds qualidades do Brazil he para mim materia vasta em odio e zanga, sahindo fora dos limites^da pru- dencia ; e julgo que at6 dormLndo praguejo contra elle. Podia o Sr. D. Luiz da Cunha se fosse vivo, jaictar-se da sua combinaeao politica sobre o estabellecimento da nossa Monarquia no centro do Brazil, por- <liio puerilmente errou : o grande Ministro de Estado, Mr. itt, se existisse, que cara nao faria vendo posto em execugao o seu piano mo- derno sobre o commercio do Brazil, e achando que a Nagao Brita^i- nica he a primeira que experimentou yantagens negativas com^este Pa.iz, que Ihe faz dar a costa grandes casas de Negocio, em premio de delicadezas politicas ? " (>Ca,Fta de IT de Novembro de 1812).

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