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DOM JOAO VI NO BRAZIL 293

ante semelhante contingencia : manejando o argumento da ameaga, mais decisivo politicamente que o das blandicias, declarava elle que "S. A. R. se veria obrigado a obrar, de concerto com o seu poderoso alliado, com os fortes meios que a Providencia depositou em suas maos."

O imperialismo - - pois que podemos com propriedade adaptar esta denominagao modernizada a aspiragao de ex- tensao territorial que Dom Joao VI acalentou e realizou, com.relagao ao Brazil, nas suas fronteiras norte e sul- - foi n esse momento historico e no continente americano a mola da politica da Casa de Braganga e motivo de temor para a Casa de Bourbon. Esta era a razao principal pela qual o governo de Madrid nunca mostrara vontade que a corte de Lisboa se mudasse para o Rio de Janeiro, convindo-lhe a desergao do Reino mas receiando com justificada previsau a concentracao do poder militar e politico de Portugal na vi- sinhanga das suas possessoes americanas. Por seu lado Tho- maz Antonio Villa Nova Portugal quando em 1807, antes de declaradas por Napoleao rotas as hostilidades e de deci- dida a trasladagao para o Brazil, advogara a ida do Prin cipe da Beira, recommendara que acompanhasse a regia man ga forca sufficiente, apparentemente para prevenir ataques ultramarines da Inglaterra, que a cordialidade das relagoes officiaes com a Franga podia entao fazer antever; na reali- dade para, desnorteando o Imperador dos Francezes, deter na Peninsula o auxilio hespanhol promettido ao exercito invasor, offerecendo-lhe a ameaga de uma campanha no Rio da Prata.

A empreza de engrandecer o dominio portuguez na America nao era facil, porque contra ella mais que tudo se levantava a tradicional e viva antipathia entre as duas me-

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