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10 DOM JOAO VI NO BRAZIL

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cito hespanhol, fazendo honrosamente de 1793 a 1795 a cam- panha do Russilhao ?

O sentimento de solidariedade monarchica, activado pelos numerosos emigrados francezes que em Lisboa instin- ctivamente serviam de agentes de Pitt contra as vistas mais intelligentes ou pelo menos mais sensatas do duque de La- foes, espirito cultivado pelas viagens e pelas leituras, venceu o do restricto interesse nacional. A campanha do Russilhao contribuio nao pouco para arruinar o ja pobrissimo Portugal, quer pelas despezas propriamente de guerra, e guerra dis- tante, que originou, quer pelo motivo que forneceu aos cor- sarios francezes para prezas maritimas. De 1794 a 1801 o commercio do Reino soffreu prejuizos avaliados em mais de 200 milhoes de francos, quasi tudo em cargas vindas do Brazil.

Lafoes e Seabra nao se tinham no emtanto esquivado a fazer em tempo resaltar as vantagens que a neutralidade estava trazendo a Suecia, Dinamarca e Estados Unidos ( I ) , o duque assim desmentindo anticipadamente o fraco conceito de estadista em que affectava tel-o a faccao ingleza, conforme se encontra pouco depois espirituosamente manifestado por D. Rodrigo de Souza Coutinho n uma carta ao Principe Re- gente (2). N ella se exprimia da seguinte forma o future conde de Linhares a respeito do seu antagonista, n um des- peito de politico aggravado por uma antipathia pessoal, mesmo porque a fidalga indifferenga de Lafoes devia ter o condao de irritar a bolicosa natureza de D. Rodrigo: " Di- gne-se V. A. R. ver que o Duque nunca estudou materias politicas senao a toilette de algumas senhoras que cortejou

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(1) Ifisioire de Jean VI, Koi de Portugal etc. Paris t-t LoinxJg, 1827.

(2) -Carta de Novemtoro de 1799. Arch. Pub. do Rio de Janeiro.

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