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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/345

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DOM JOAO VI NO BRAZIL 323

lhante intervengao se destinava a ser tao somente exercida em beneficio de Portugal.

Com toda sua bonhomia, nao deixou o Principe Re- gente passar esta magnifica occasiao de ludibriar a esposa enganosa. E si assim nao era, porque se mandavam as tropas portuguezas tomar posse de Montevideo, que seguia o par- tido da Hespanha, e nao de Buenos Ayres, que jogava com a hypothese da emancipagao, e porque se limitava o ataque ao territorio de aquem Uruguay, quando os tituLos da In fanta eram tao validos a margem septentrional como a mar- gem meridional do Prata ? Mandando portanto, em nome do Principe Regente e apezar de todas as solemnes promes- sas de neutralidade, salvar "com os golpes mais decisivos" a praga sitiada pelos insurgentes e pacificar a forga o terri torio "desta banda do Uruguay", Linhares, muito embora protestando uma vez mais nao querer encorporar Portugal territorio algum, tinha desmascarado suas baterias. Dona Carlota podia desde logo haver rezado o requiem pelas suas ambigoes a Rainha ou Regente por direito proprio.

O pedido de soccorro fora alias ao cabo formulado por Elio porquanto no proprio Uruguay, isto e, aquem do rio, comegara a lavrar com intensidade a sublevagao protegida pela Junta de Buenos Ayres, surgindo em plena luz no seu papel de devastador e de patriota o legendario Artigas. O auxilio prestado, merce do appello dirigido, concedia-se - declarava-o Linhares na sua carta a Junta de 30 de Maio de 1811 - -porque se o devia a um alliado de Portugal como era S. M. Catholica, mas melhor seria, e elle offerecia sin- ceramente este bom conselho, fazerem as colonias as pazes entre si e abrirem ne^ociaqoes com a Hespanha, represen- tada pelos seus orgaos nacionaes: a coroa portugueza nada

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