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DOM JOAO VI NO BRAZIL 461

Entretanto o governo do Rio mandou para administrar a terra, nao um militar mas um magistrado, e a liberdade politica de que gosava a colonia sob o dominio de Bonaparte nao podia ser superior aquella de que gosou sob o dominio do Principe Regente de Portugal. . . . . se os habitantes de Cayenna pagaram alguns tributes ou contribuicoes a po- tencia conquistadora, lembrem-se que os francezes a sua che- gada em Lisboa, impozeram uma contribuicao de 100 mi- Ihoes de francos ou 40 milhoes de cruzados, sem que con- quistassem Portugal, pois entraram alii como amigos. As autoridades portuguezas em Cayenna poderao ter mettido na sua algibeira o producto destas contribuicoes que per- tenciao ao soberano, muitas destas peloticas fizerao os fran cezes em Portugal; mas, quer os portuguezes o fizessem em Cayenna, quer nao, o Principe Regente, e nao os habitantes, e que tern de queixar-se. O intendente de Cayenna podera ter mandado prender alguem, nao so arbitraria, mas injusta- mente, porem nenhuma das cartas que nos chegou a mao o accusa de ter mandado matar ninguem; e as mortes, pri- soes e confiscos que os francezes fizerao em Portugal, forao tao crueis, que, ainda que todos os francezes habitantes de Cayenna fossem vendidos por escravos, nao se Ihe ficava a dever nada a sua nagao" (i).

A restituic,ao de Cayenna forma um dos capitulos mais interessantes da historia diplomatica do Brazil. No tratado de Pariz de 30 de M aio de 1814, firmado pelas grandes po- tencias que tinham auxiliado a restauragao dos Bourbons, ja ella ficara ajustada, e o governo francez quizera immediata- mente rehaver a sua colonia perdida, tanto mais agodado Luiz XVIII quanto se tratava de recobrar uma perda de

��(1) Correio Brasilicnse.

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