46 DOM JOAO VI NO BRAZIL
mando os ultimos cartuchos dfplomaticos, a despachar para Pariz o marquez de Marialva. Conta-se (i) que o novo embaixador partira carregado de plenos poderes e de dia- mantes com que serenar Napoleao e ate solicitar, em prova de boa amizade, a mao de uma filha de Murat para o Prin cipe Real, effectuando-se o consorcio quando os noivos che- gassem a idade propria. Marialva regressou porem de Bayona na impossibilidade de cumprir a sua missao, pois de perto permanecia inflexivel a attitude imperial. Ao governo por- tuguez cumpria nao vacillar mais, e na verdade havia-se en- tretanto chegado as resolugoes definitivas.
D. Rodrigo, com a sua natureza irrequieta e trasbor dante de actividade, tinha estado urgindo para que se pre- parasse uma soluqao qualquer, ja que a debilidade do Reino, em contraste com a robustez militar do inimigo, nao permit- tiria pensar n uma guerra senao infeliz. Nao era vergonha alguma, escrevia elle n uma das innumeras memorias com que costumava expressar seus abundantes pensamentos, au- sentar-se um soberano temporariamente dos seus Estados.
De facto, si langarmos os olhos para a Europa de 1807, veremos um extraordinario espectaculo: o Rei da Hespanha mendigando em solo francez a proteccjio de Napoleao; o Rei da Prussia foragido da sua capital occupada pelos sol- dados francezes; o Stathouder, quasi rei da Hollanda, refu- giado em Londres; o Rei das Duas Sicilias exilado da sua linda Napoles ; as dynastias da Toscana e Parma, errantes ; o Rei do Piemonte reduzido a mesquinha corte de Cagliari, que o genio de publicista do seu embaixador na Russia, Jo seph de Maistre, bastava entretanto para tornar famosa; o Doge e os X enxotados do tablado politico; o Czar cele-
��(1) Histoire de Jean V1 3 etc,
�� �