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58 DOM JOAO VI NO BRAZIL

formada por provincias no fundo estranhas umas as outras; agora porem iam essas provincias fundir-se n uma real uni- dade politica, encontrando o seu centre natural na propria capital, o Rio de Janeiro, onde passavam a residir o Rei, a corte e o gabinete.

Observam as memorias do almirante sir Sidney Smith que, para o governo francez, um motivo havia de fazel-o es- timar a trasladagao da familia de Braganca e compensar, no seu conceito, o despeito de vel-a escapar a sorte commum das caducas casas reinantes: pelo menos se obstava com tal deliberacao a que as colonias portuguezas cahissem nas maos da Gra Bretanha. O almirante e o primeiro a reconhecer que essas colonias estariam de facto perdidas para a metro- pole si Dom Joao nao emigrasse para o Brazil. Os Inglezes occupal-as-hiam sob pretexto de as defender e, quando isto nao acontecesse, a independencia da America Portugueza :>e teria effectuado ao mesmo tempo e com muito menos resis- tencia do que a da America Hespanhola. Retirar-se o Prin cipe Regente para bordo da esquadra portugueza ou bri- tannica e d ahi contemplar o desenrolar dos acontecimentos, nao resolvia absolutamente o problema que as circumstancias da Europa convulsa Ihe tinham creado. Cada nova invasao do Reino - - e foram trez - - daria origem a uma nova re- tirada, que ja seria uma fuga, e entretanto o Brazil se anar- chisaria, sem governo que o fosse e sem razao determinante para do seu seio brotar um governo proprio. Dom Joao fez pois a unica cousa que podia e devia fazer.

Ao pisar em terras brazileiras, com o pessoal e os ac- cessorios que o acompanhavam, o Principe Regente exclamou sem ambages que n ellas vinha fundar um novo imperio. Dados o scenario e os actores, que especie porem de monar- chia podia elle crear entre ncs ? Aquella somente a que com

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