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Página:Dom João VI no Brazil, vol 1.djvu/83

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DOM JOAO VI XO BRAZIL 61

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Tinha o Rei por sina, ao que se podia jurar, arrostar situacoes difficeis, oriundas de uma epocha essencialrnente de transicao, e como tal de aguda perturbagao. A beneme- rencia de Dom Joao VI aos nossos olhos consiste em ter en- vidado os seus esforgos mais sinceros e, e licito dizer, mais felizes para encaminhar para seus novos destines soberanos e que se devaneavam gloriosos, a grande terra, a colonia vasta e amorpha que Ihe dera asylo.

O fundador do Reino Unido nao podia por si mesmo revelar-se em toda a forga da palavra um creador, pois que nao era um espirito que de iniciativa propria regulasse seus actos por ideaes preconcebidos, e d estes nao discrepasse, ze- lando com energia a sua originalidade. De facto, porem, assim se tornou, pela natural perspicacia e sensato opportu- nismo com que soube, n um meio estranho ao que Ihe era familiar, adaptar-se, a si e as institutes, as condigoes pre- dominantes. Nem a sua obra, sujeita a analyse, differe ex- traordinariamente da que emanaria de um reformador nato.

Um auctor houve no seculo XVIII que, por soffrer agora um certo desdem, nao deixou de representar um papel importantissimo na orientacjio das ideas renovadoras d a- quelle seculo gerador das transformac.oes modernas. Foi elle o abbade Raynal, cujo nome anda offuscado pelos de Di derot, Montesquieu e Rousseau, mas que tanta influencia quanto estes exerceu sobre as imaginacoes do seu tempo. As consideragoes de Raynal apparecem especialmente reflecti- das em todas as publicagoes que tratam de assumptos colo- niaes; a sua marca imprimiu-se particularmente em todas as intelligencias preoccupadas, nos proprios comegos do se culo XIX, com a imminente emancipagao politica do Novo Mundo. Em Linhares, o estadista, como em Armitage, o

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