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DOM JOAO VI XO BRAZIL 73

Quao differente para Dom Joao esta chegada trium phal, que nem perturbavam os gritos de resistencia da Rai- nha doida, cujos nervos pareciam ter-se acalmado na longa viagem maritima e segundo O Neill ( i ) chorava placi- damente de emo^ao, do triste embarque em Lisboa, onde si a elle proprio o protegera dos apupos da multidao o pres- tigio ainda vivo da realeza, ao seu ministro Araujo o invecti- vararn e apedrejaram (2) como reo da desergao causada pela publicagao no Moniteur de 1 1 de Novembro do ini- quo tratado de esbulho.

No Rio de Janeiro impressoes mais lisonjeiras sobre- punham-se na alma sensivel do Principe a essas recordagoes pungentes. Magistrados, funccionarios, monges, rodeavam-no n um grupo numeroso e luzido, sobre que tremulava o es- tandarte do Senado da camara e brilhava a cruz do Cabido, erguida entre dous cirios. A limpidez do ceu coruscante, o torn respeitoso da recepgao burocratica e a transparencia do enthusiasmo nacional revelando-se pelos hymnos dos cle- rigos, pelos canticos dos musicos postados n um coreto, pelos vivas dos soldados e dos populares, deviam por forca pren- der os sentidos do festejado e embalar-lhe a alma n ama doce conformidade de impressoes physicas e moraes. Con- ta-se que, ao passo que a Princeza Dona Carlota chorava convulsa, magoado o seu orgulho com essa degradagao para rainha colonial, Dom Joao caminhava sereno, deixando fundir-se sua melancolia ao calor da sympathia que o estava acolhendo.

��(1) O Neill seguio n um navio com despatches depois da par- tida da esquadra anglo-luza, mcs como foi directamente ao Rio de Janeiro, ahi ohegou antes do Principe Regente, assistindo ao seu de- sembarque que qmalifka de tocante.

(2) Miinch, ob. ciit.

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