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76 ! M JOAO VI NO BRAZIL

janellas do Pago se descortinava. No vasto largo fronteiro uma arcaria triumphal se erguia, com seus adornos de py- ramides, vasos e emblemas, e no centro, por baixo das armas luzitanas e de escolhidos versos de Virgilio, sobresahia dentre a illuminagao de milhares de copinhos de cores um painel figurando a entrada no porto da nau que conduzira Dom Joao.

O retrato mesmo do Principe Regente destacava~se n um medalhao no acto de receber de um indio, personifi- cagao do Brazil, os thesouros da natureza tropical e o cora- gao nacional transbordante de affecto. O particularismo ja se sentia robusto bastante para ensaiar a idealizagao de que o Romantismo faria a breve trecho uma bandeira, nao so politica como litteraria. O indio, symbolo da nacionalidade independente, logo depois figuraria vendado e manietado, com um genio, certamente o da liberdade, na posigao de o desvendar e desagrilhoar, no emblema de uma loja mago- nica de Nitherohy, de que era irmao Antonio Carlos e que a policia dispersou por sediciosa.

N aquella occasiao, porem, nao se pensava senao com sinceridade na honra ifisigne de possuir no Brazil a corte portugueza, nao se agia senao por lealdade dynastica para com os recemvindos. Extendiam-se as luminarias a todos os cantos da cidade, fazendo pairar sobre o montao da casaria um rubro clarao festive, e aos ouvidos do Principe chegava de todos os lados o rumor confuso da multidao pra- zenteira. Este som inconfundivel de jubilo confirmava os descantes e as declamagoes que na real presenga esfuzilavam, mais fulgurantes e sobretudo mais demoradas que as giran- dolas de foguetes cortando com suas lagrimas de fogo a vasta escuridao da bahia. A claridade tenue das estrellas

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