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DOM JOAO VI NO BRAZIL 691

dara a respeito um silencio equivoco ou somente transmittira respostas evasivas e mysteriosas. A unica, magra, tardia explicacao que existfa so fora manifestada porque a corte do Rio previu ou antes viu imminente a mediacao das poten- cias alliadas em favor da Hespanha.

Tambem se nao devia confundir ou equiparar a oc- cupacao de Montevideo com a de Olivenca, porque a d esta occorrera em guerra justa, sendo sua acquisigao sanccio- nada por um tratado solemne: tanto assim que os soberanos representados em Vienna nao tinham julgado poderem des- pojar a Hespanha da praga para restituil-a a Portugal, con- tentando-se com offerecerem para semelhante fim os seus bons officios nas negociacoes amigaveis que se abrissem entre as duas nagoes. E disposicoes amigaveis sempre as nu- trira a Hespanha, visto que nao pensara em invadir e con- quistar Portugal valendo-se da occasiao suggerida, ao mesmo tempo que temida por Portugal; pelo contrario, so mente tratara de fomentar ou activar uma sabia mediagao.

Tinha razao o embaixador Fernan Nunez em se nao deixar illudir pelas vagas promessas do governo portuguez, e em ficar convencido de que os argumentos cavillosos da corte do Rio so tendiam a disfarcar que ella aproveitava a distancia a que se achava para dar ensanchas aos seus pia nos e proceder de accordo com seus intimos designios, o que na Europa Ihe era vedado. A verdade saltava aos olhos de todos, e ninguem desconhecia que tudo havia sido uma comedia posta em scena para a realizagao de uma tradicional e legitima ambicao; a partir do convite inicial de Dom Joao VI a Fernando VII para uma accao repressiva conjuncta no Rio da Prata, ate onde o monarcha portuguez queria ex tender o seu imperio brazileiro.

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