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906 DOM JOAO VI NO BRAZIL

com um ruidoso funeral de filho de rei africano (o qual continuara na escravidao a exercer prestigio e auctoridade sobre os ex-vassallos de seu pal), cujo cadaver fora velado por deputacoes das differentes nacoes da Costa, e se trans- portava n uma rede, precedida de um negro atirando fo- guetes e bombas e de outros executando em todo o percurso cabriolas pelo chao, e seguida de uma multidao cor de ebano, em parte silenciosa, lugubre e burlesca a um tempo, em parte tangendo instruments exquisites e entoando can- tigas estridentes.

Era sobretudo a populagao de cor que emprestava a capital do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves o seu aspecto estranho e unico na monarchia, compartilhado e claro pelas outras cidades do littoral brazileiro. Em Lisboa, nao obstante o forte contingente africano, predominavam os brancos; nas possessoes d Africa os negros estavam quasi sos; no Rio de Janeiro era que se equilibravam em numero descendentes de Europeus e de Africanos, avolumando-se constant* e simultaneamente ambas as correntes com a en- xurrada de reinces attrahidos pela eorte e as levas de escra- vos arrebanhados pelos negreiros.

As numerosas e impressivas lithographias que acompa- nham o texto das obras de Debret e de Chamberlain, e que sfio a mais completa e interessante documentacao artistica da residencia americana de Dom Joao VI, fornecem uma idea bastante precisa do que era o carnaval perpetuo d essa cidade sob muitos aspectos ainda colonial, sob outros, nao menos abundantes, exotica, e apenas corteza por algumas, mais raras, feicoes.

Daria occasionalmente esta ultima nota uma traquitana de desembargador da Casa da Supplicacao, com sua beca

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