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1056 DOM JOAO VI NO BRAZIL

Para isto serfa indifferente ficar o Rei no novo Reino ou voltar para o velho. A questao nao era tanto essa: era sobretudo, como muito bem a collocava Hippolyto, o resistir ou entrar a realeza no caminho das reformas constitucionaes, o governar arbitrariamente ou com um ministerio responsa- vel e popular, cujos interesses nao estivessem vinculados aos das classes privilegiadas. Somente assim ficaria garantida, dado o progresso dos tempos, a integridade da monarchia. De outro modo a revolugao caminharia impavida em Portu gal, annullando a coroa, e se propagaria ao Brazil.

Pernambuco, apezar da residencia da corte no Rio, suble- vara-se antes de Portugal, e si a tentativa fora mal succe- di da - - como tambem o fora pelo mesmo tempo em Lisboa o ensaio de Gomes Freire - - depunha isto apenas contra as circumstancias do momento. O facto provava que o germen do governo constitutional existia no Brazil independente de Portugal, tendo bastado para a fecundagao o contacto da America Hespanhola, depois do exemplo dos Estados Uni- dos. Nao alcangaria constituir empecilho sufficiente contra a corrente a popularidade pessoal do Rei, que o periodista do Correio carinhosamente descreve "brando, pacifico, soffre- dor, indulgente; sem ambigao nem avareza, nem crueldade"; porquanto ao lado de Dom Joao VI existia um ministerio de gente corrupta - - Hippolyto poderia ter escripto, com mais verdade, de gente eivada de preconceitos que com sua presenga excitava contra o throno e contra o velho regimen as novas paixoes populares.

Essa era com effeito a questao, posta nos seus termos geraes e politicos; no caso particular de que se trata, havia porem que contar com um elemento a mais, fornecido pela discordia creada entre as duas metades da monarchia, das

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