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DOM JOAO VI NO BRAZIL 1055

que os empregaclos publicos sejam responsaveis por sua ge- rencia, que he, em duas palavras, tudo quanto a voz publica pede e exige; El-Rey nao tern interesse em oppor~se a isso; porque com a existencia dessa responsabilidade nada perde, antes muito ganha. Os governantes, que sao os que verao suas maos ata das para nao fazer mal, sao os que se devem suspeitar de fazerem essa opposigao a um systema para Ihes porem freio. . . E he de esperar que as Cortes de Portugal nunca se esquegam de fazer a devida distinec.ao entre os sen- timentos d El-Rey, e os de um partido de intrigantes, cujos fins sao manter seus interesses, a despeito dos da nagao, e da mesma authoridade do Rey" (i).

Si fosse exacto que Palmella, nomeado havia muito ministro dos negocios estrangeiros e assumindo afinal a pasta, inspirara e fomentara o denegrido conciliabulo aristo- crata" de Pariz - - no intuito, pouco crivel alias, de desbravar para si o terreno e permittir-lhe n um campo livre o cultivo das regias concessoes maior merecimento tocaria ainda a attitude perspicaz do Rei no assumpto.

Foi bem um gesto privativo d elle, esse que tao de ac- cordo se achava com o pensar do gabinete britannico e tao de harmonia estava com recentes ensinamentos da historia, que indicavam haver a intervengao estrangeira custado a vida a Luiz XVI a Maria Antonietta. Alem d isso era obvio - obvio para quern tivesse bons olhos - - que uma intervengao estrangeira podia occorrer em Portugal e ahi abafar com relativa facilidade o movimento liberal, mas nao poderia ir su ! ffocal-o no Brazil, onde elle repercutiria mais vivamente merce mesmo da reacgao creada em Portugal.

��(1) Corrcio nrazilicns* n. ir., 3, Fovcreiro do 1821, vol. XXVT.

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