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Página:Dom João VI no Brazil, vol 2.djvu/76

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640 DOM JOAO VI NO BRAZIL

definida contra a expedigao do Sul. "De sen proprio impulso e sem instruccoes, informava Maler ( i ) , protestou contra a invasao actual, recebendo uma resposta evasiva e insignifi- cante." A i de Abril de 1817, dessatisfeito corn a: respostas explicativas dadas sobre a occupacao da margem oriental do Prata, Chamberlain levava a effeito a formal declaracao de que o governo britannico renunciava a garantia dos dominios e estados sobre que reinava a Casa de Braganca.

A garantia em questao era sem duvida preciosa, mas a sua applicaqao nao era tao simples quanto a primeira vista parece. No velho Reino a animadversao aos Inglezes andava tao marcada que, no dizer das informagoes reservadas do consul geral Lesseps (2), o povo, apezar da calma e indiffe- renga que distinguem essencialmente o moral portuguez, veria com maus olhos qualquer ensaio de desembarque de forgas britannicas, mesmo sob pretexto e na intencao de defender o paiz contra aggressivos designios hespanhoes. Os Inglezes tinham occupado Portugal por longo tempo ao sabor das ultimas occorrencias, e os inconvenientes de muitos generos que de tal occupacao resultaram, estavam ainda demasiado frescos na memoria nacional para poderem dei- xar de produzir qualquer movimento reagente como o que ja fermentava, e so esperava o contacto da fagulha incendia- ria para fazer explosao.

A tendencia anti-ingleza tanto se destacava que, mesmo no Rio, se tornara perceptivel. Escrevia Maler (3) que no animo da corte brazileira havia uma disposigao para langar sobre os Inglezes a culpa de quanto succedia, sendo uma especie de moda queixar-se do gabinete de Londres. Tal

��(1) Officio de 31 de Outubro de 1816.

(2) Arch, do Min. dos Xeg. Est. de iFranga.

(3) Officio de 23 de Dezembro de 1817.

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