DA MINHA ALMA.
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Tu ao menos, ó flor de infelizes,
Tu ao menos não me has de deixar;
Si a desgraça plantou-te em meu peito,
D’elle mais te não póde arrancar.
Essas vãs alegrias do mundo,
Esses gozos que o mundo aprecia,
Eu os tróco, saudade adorada,
Pela tua fiel companhia.
Emquanto eu existir, do martyrio,
Vivirás, p’ra me dares a palma;
Si a ventura tentasse levar-te,
Levaria comtigo minh’alma.
Tu ao menos, ó flor de infelizes,
Tu ao menos não me has de deixar;
Si a desgraça plantou-te em meu peito,
D’elle mais te não póde arrancar.
Nem espero que mude meu fado;
E si attento em meu triste futuro,
Nelle vejo — indiziveis angustias
Um sepulchro cavando-me escuro!