DA MINHA ALMA.
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Voz como a tua tão pura,
Que deixa ouvir na doçura
As harmonias do céu;
Quando o teu genio, Poéta,
Visse, veloz como a séta,
Do céu as portas transpor;
Quando unisses lá teus hymnos
A esses cantos divinos,
Que se entôam ao Senhor;
Teria, como desejo,
Seguido o rapido adejo
De teu estro na amplidão;
Transbordando de alegria,
Com elle penetraria
De Deus na sacra mansão!
Lá co’os anjos entoára,
Em voz, como a d’elles, clara,
Mil louvores ao Senhor;
Depois, ao teu genio unida,
Cantára a patria querida,
A terra do meu amor.
8 de Janeiro de 1851.