Página:Echos de Pariz (1905).pdf/147

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mos, olhando de revez o galhardo moço na sua ascenção: — «Diabo! será este maganão um Barthou — que se calou?»


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Desinteressante pelo lado da politica, Pariz está, ao que párece, interessante pelo lado dos theatros. Para começar, temos Sophocles no Theatro Francez, com a sua velha Antigone. Invejavel destino o d’este Sophocles! Ha já mais de dous mil e trezentos annos que elle gosou o seu primeiro «successo», em Athenas, no dia em que Cimon derrotava os Persas nas margens do Eurymedon: — e ahi o temos ainda, depois d’estes vinte e tres seculos, fazendo derramar em Pariz as mesmas lagrimas que fazia correr pelos bellos olhos das athenienses, quando Antigone, cobrindo a face com o véo, marchava para a morte. Quantos imperios, quantas raças, quantas civilisações têm passado? Ouando elle em Colona, em casa de seu pae, que era um simples fabricante d’armas, desenrolava verso a verso, nas taboinhas enceradas, á sombra d’alguma oliveira, os queixumes d’Œdipo, Pariz não era mais que uma escura floresta, onde de noite uivavam os lobos, vindo beber ás lagôas. E no sitio d’essa vetusta matta, convertida ella, por seu turno, n’uma Athenas infinitamente mais complicada, todas as noites milhares de vozes tremulas de emoção continuam a gritar: Bravo, Sophocles! e de certo devotos do seu genio