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Página:Echos de Pariz (1905).pdf/170

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dia, que se aproveitava d’esse poder, não para dar ao proletario dentro do novo regimen a sua legitima parte de bem estar, mas para lhe explorar o trabalho como lhe explorava a colera, e fazel-o esfalfar para o seu enriquecimento material, como o fizera combater para o seu engrandecimento politico!

A decepção foi tremenda — e tremendos o odio e desejo de vingança contra o traiçoeiro burguez. A parte mais intelligente, mais pacifica, ou mais legal do proletariado concebeu logo a necessidade de fazer uma outra e derradeira revolução, não contra a estructura politica da sociedade nova, mas contra a sua organisação economica, porque não era agora, por causa do regimen politico que o proletariado soffria, mas por causa do regimen economico, nascido das invenções mecanicas, das descobertas chimicas, dos excessos de producção, da concorrencia de todos os progressos do seculo, realisadas só em beneficio da classe media, e cada vez mais tendentes a separar as duas velhas «nações» de Aristoteles, os pobres e os ricos, attribuindo a uma todos os proveitos, e impondo á outra todas as fadigas. Desde esse momento nascera, ou apparecera, organisado na Republica, o socialismo.

Uma outra parte, porém, do proletariado, a mais inculta ou a mais violenta, ou simplesmente a mais naturalista, concebeu uma outra ideia, e estranha. Para essa, a revolução economica prégada pelo socialismo e concebida ainda dentro de um funesto espirito juridico é inefficaz, quasi pueril, porque não attinge o