Página:Echos de Pariz (1905).pdf/186

Wikisource, a biblioteca livre

meou para o cargo de director o snr. Brunetière. Além d’isso, o snr. Brunetière era já o director, senão espiritual, ao menos intellectual, das damas lettradas do Faubourg St. Germain, tendo portanto a gloriosa missão de ensinar o que, em materia de litteratura, uma duqueza deve acceitar ou deve rejeitar para conseguir um logar no reino dos bons espiritos. Como consequencia d’estes dous nobres empregos, o de director da Revista e confessor litterario das almas aristocraticas, o snr. Brunetière foi por influencia das senhoras (e entre as senhoras incluo a Revista) eleito membro da Academia Franceza. E finalmente, para consagrar a sua reputação, a mocidade das escolas apupou furiosamente o snr. Brunetière, e, assim como a democracia revoltada outr’ora queimava o throno dos tyrannos (não sei se ahi no Rio, na revolução de novembro, se omittiu esta formalidade classica), quebrou a poltrona professoral, onde elle, na Sorbonne, pregava a boa doutrina, desmantelava o naturalismo, e explicava ás suas devotas a maneira mais delicada de saborear Bossuet. Eu conto estes guinchos e furores da mocidade como um dos elementos da sua gloria, senão já do seu valor, porque desde que as ideias geraes recomeçaram a apaixonar os espiritos moços e que nos pateos das Universidades se trocam outra vez bengaladas por causa de theorias, um professor só poderá ser considerado sufficientemente original, vivo, forte, fecundo, quando o seu ensino tenha provocado rancores ou enthusiasmos.

Os antigos portuguezes tinham, da nossa historia